domingo, 27 de junho de 2010

Minha angústia tem sede de Deus!



“Por que estás abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele meu auxilio e Deus meu?” (Sl 42.11).


Quantos de nós já acordamos, sem saber o que está acontecendo? Um aperto no peito, sensação de vazio, uma sensação do nada e de sequidão. Pode ter certeza que isso é a angústia.
Mas o que é a angústia? É uma espécie de ansiedade, inquietude, carência, falta de algo, uma espécie de “sofrimento”. Pois quando ficamos tristes é por alguma coisa, quando estamos alegres é por algum motivo, a ciência diz que angústia é um sintoma psíquico, um sentimento sem objeto, isto é sem um motivo definido. Angústia é como um abismo que chama outro abismo; vem acompanhada com outras coisas como: a solidão, desmotivação, tristeza, sentimento de culpa, agressividade e até a idéia de desistir da vida. Essa não é uma realidade distante de nós.
O salmista provavelmente um dos filhos de Corá escreve este canto de lamento no período de exílio babilônico, o Salmo 42 é uma espécie de desabafo que brota do coração de uma pessoa que vive um momento de profunda angústia e ao mesmo tempo desamparo. Estamos diante de alguém que além de estar passando por uma terrível angústia a ponto de não se alimentar, exceto de suas lágrimas e se senti abandonado por Deus a ponto de ainda ouvir deboche de outras pessoas “A onde está o teu Deus?” (v.3)
Muitas vezes nós nos perguntamos nos períodos de nossas dificuldades onde está Deus? Ou ouvimos em meio a nossas dores cadê o teu Deus?
É interessante que a angústia não é só um sentimento exclusivo pra mim e pra você, no Antigo Testamento temos diversos exemplos de pessoas que passaram por terríveis angustias uma delas é Jó – Perdeu tudo o que tinha e estava angustiado (cf. Jó 5.19), Jeremias – se lamenta por Jerusalém em lamentações (cf. Jr 1.20), e dois exemplos muito plausíveis do Novo Testamento, é melhor escrevê-los em ordem cronológica o primeiro deles é Jesus – em dois momentos demonstra extrema angústia: em (cf. Lc. 22.44) e (cf. Jo. 11.35). O segundo exemplo é o do apostolo sofredor em cadeias, e de muitas angústias, Paulo –“Porque, no meio de muitos sofrimentos e angustias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficais entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida.” (2Co. 2.4)
Assim como o salmista não estamos sozinhos com a angústia e ela acontece dentro de nós em nossa alma. No texto (Sl 42) encontramos 6x a palavra alma: (do hebr. – nefesh) garganta, órgão que experimenta a sede e sede da respiração/ vida, é também símbolo do espírito.
Porque Deus colocou em nós um dispositivo de segurança em nossa alma “a sede”. A medicina declara que um ser humano não vive mais de três dias sem água, ele pode morrer. Pois nosso corpo em sua totalidade é composto por água. Este Salmo nos revela qual é a sede de nossa alma.
Primeiro é a sede por Deus (v.1-2) - nossa angústia, e nosso vazio é a falta de Deus! Só é completo em Deus. Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida (Ap. 22.17).
Em segundo é a sede pela Comunhão (v.4-5) – A pior coisa é a solidão vivemos em uma sociedade que valoriza estar sozinha, não firma compromisso nem estabelece relacionamentos nem com Deus nem com o próximo. A casa de Deus deve ser este lugar de alegria e comunhão. No terceiro lugar a sede pela misericórdia de Deus (v.8-9) Pois é a misericórdia a causa de não sermos consumidos (Lm. 3.22), pois ela se renova a cada manhã.
A nossa angústia também tem sede por esperar em Deus (v.10-11) Esperar em Deus é muito mais do que sonhar, Esperei com paciência no Senhor e Ele ouviu meu clamor (Sl 40.1). Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração perseverantes. (Rm 12.12).
Todos temos condições de enfrentar nossas angústias, Jesus nós disse que teríamos aflições, e ensinou-nos termos bom animo. Paulo declara que toda tribulação e leve e momentânea, em nossa angustia é que Deus que ser Senhor, nossa angustia clama por mais de Deus, nossa angústia tem sede de Deus! Que em nossa fraqueza e debilidade Deus possa nos fortalecer.

“Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; e quando me verei perante a tua face?” (Sl 42.2)

Autor: ISrael A. Rocha

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Espiritualidade, ou espiritismo?



Não apagueis o Espírito (1Ts 5.19)

Muitos hoje confundem espiritualidade com espiritismo, mas são duas coisas totalmente distintas. Por vezes vivemos mais um espiritismo do que mantemos uma espiritualidade verdadeira e autêntica.
A Espiritualidade não deve ser vivida ou vivenciada sozinha, isolando-se com qualquer espírito ou entidade, a espiritualidade é embutida em uma mística que tenha um sentido antropológico existêncial, que não exclui a racionalidade e que se traduz em uma relação comigo mesmo, com meu próximo e com o Divino.
Existe uma exacerbação do imaginário nas instituições religiosas com a máxima que declara-se ser uma pessoa espiritual aquela que tem um diálogo com o espírito/Espírito e que em muitas seitas chamam isto de mediunidade (transliterar o que um espírito diz). Será que espiritualidade é realmente isso? ou estamos vendo e vivendo em nossas comunidades um espiritismo que garanta a alienação das massas? Talvez você que está lendo este texto esteja achando que estou misturando tudo, mas não é bem assim.
Espiritualidade não é manipulação do Espírito Santo e nem de nenhum espírito, espiritualidade é transcendência, pois nenhum ser humano cabe em si mesmo, e é inata está vontade de transcender-se, de transgredir os limites subjetivos e objetivos que nos cercam. O Espírito Santo de Deus é uma pessoa livre não pode ser manipulado por nenhum líder religioso, mas está ao nosso lado para nos ajudar (do gr.parakletos), daí a idéia de intimidade. Espiritualidade é transcendência e intimidade! Intimidade não se da apenas nos diálogos, mais em vivencia e convivência. E está vivencia é na vida através de nossos atos de piedade (oração, jejum, fé e devocionais...) e a convivência se dá através dos atos de misericórdia (boas obras, ações práticas em prol de nosso próximo).
O pastor e teólogo Eugene H. Peterson declara: ‘que a nossa espiritualidade contemporânea carece de foco, precisão e raizes’, foco em Cristo, precisão nas Escrituras e enraizamento na tradição, Eugene tem toda a razão vivemos hoje um espiritismo sem foco, sem precisão e não buscamos uma tradição, contudo se faz necessário vivemos uma verdadeira espiritualidade para que não sejamos confundidos.
E onde devemos viver nossa espiritualidade? Em todos os lugares principalmente longe de todas as instituições religiosas, em nossa casa, em nosso trabalho, enfim nos lugares mais inusitados. Pois o imperativo da espiritualidade é o amor, e a espiritualidade está embutida com a mística e tem tudo a ver com experiências e não com doutrinas. Todos estão enfadados de ouvir discursos religiosos feitos por pessoas das igrejas e das religiões, procuram falar sobre Deus a partir das doutrinas; e mística é a experiência e não mera repetição, pois uma coisa é pensar sobre Deus, outra é sentir Deus. O teólogo Leonardo Boff declara: “Espiritualidade é a transformação que está mística produz nas pessoas, na forma de olhar a vida, no jeito de encarar os problemas e de encontrar soluções. Pois uma pessoa espiritualizada é aquela que sempre esta atenta e se pergunta: o que Deus está dizendo com isso? Que lição ele quer me transmitir? Que chance de crescimento está me proporcionando?”.
Ou seja todo sinal de espiritualidade deve servir de crescimento pra mim e pra você, é aonde eu o vivo como fenômeno paradoxal de experiência indelével e subversivo, porque o nós só existe se ouver o eu e o tu como uma utopia que retrata uma sociedade fraternal e sororal, justa e participativa. A espiritualidade deve ser através da mística um fenômeno de maneira holística, integral, respondendo á toda profundidade de indagação humana, A espiritualidade deve ser encarnada e não reencarnada, assim não apagaremos o Espírito do Senhor pelo contrário, deixaremos que ele interceda por nós. Assim eliminaremos toda banalização do evangelho, não reconheceremos os pseudolideres, e não admitiremos as pseudoespiritualidades.

Autor: ISrael Alcantara da Rocha

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Deus Existe?



“Pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio.” (At. 17.23)

Esta é uma pergunta interessante. Pergunta teológica, ou uma provocação filosófica?
Talvez uma pergunta pra ateu ou agnóstico nenhum botar defeito. De acordo com o teólogo alemão Emil Brunner sua resposta a esta questão é a seguinte:
“não! Deus não existe. O que existe são as montanhas, as árvores, as pedras. Deus não é uma coisa entre outras coisas. Deus não existe Deus É!” Ou o que diz Meillassoux: sobre a divina inexistência.

O desconhecido suplanta o conhecido. Aquilo que não conseguimos enxergar explica o que conseguimos enxergar. E esse mistério desconhecido e invisível é intencional e pessoal: Deus. Intencional: pois há uma coerência, finalidade junto as experiências de vida. Pessoal: por que existe uma conexão que é maior do que aquilo que eu sou. Deus é mais do que eu não menos, em tudo principalmente nos elementos invisíveis dos quais tomamos consciência: amar, pensar, crer, confiar e etc.
Pois é decepcionante admitir que não somos o centro do universo. Saber que precisamos sair do nosso estado infantil (não cronológico, mas intelectual ascético), entender que nossas necessidades, nosso apetite, nosso bem-estar, nosso conforto, aquilo que nos torna deuses e deusas, adorados, cultuados e servidos, se destrói quando admitimos que existe um Deus; portanto é melhor dizer que Ele não existe.O Ser infinito é maior do que eu que sou finito, Deus é: infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos, Deus não é só um substantivo Ele é! Também é verbo, porque Ele disse (ou Diz).
Não importa de qual ângulo observamos o mundo, se pelas variáveis cientificas ou religiosas, no âmbito da fé ou da razão. Existe um ponto de confluência a partir das experiências fundamentais descrevendo que há uma força, poder ou energia inefável que tudo sustenta, e muitos chamam de: Ser superior, ou poder Absoluto que sutenta todo universo, que eu prefiro chamar de Deus. E esse Deus desconhecido por muitos, negado por outros, quer relacionar-se conosco, pois essa é a sua essência relacional e coexistente. Pois o invisível só pode falar através e por meio do perceptível.
Assim como o apostolo Paulo declarou é deste Deus que eu quero anunciar e me relacionar, pois ele é tudo em todos. Jesus Cristo o Deus Encarnado disse a Tomé: “Felizes o que não viram mais creram.”

Autor: Israel A. ROcha