sexta-feira, 30 de julho de 2010

SOBRE A MORTE E O MORRER...


“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” (Fp. 1.21)

Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.
(R. Alves)

Existe um grande medo que assombra todos os que estão vivos, e esse medo é causado apenas por uma pequena palavra a morte. “Pois para morrer basta estar vivo”. Esta palavra tira o sono de muitas pessoas, pois a morte infelizmente não é apenas uma palavra ela é um estado. Mas afinal o que é a morte? Será que é uma caveira com um manto preto e uma foice? Nosso bom Aurélio nos ajuda:

Morte: s.f. Fig. Dor violenta: sofrer a morte na alma. / Ausência de vida, imobilidade. / Ruína, extinção. / Causa de ruína. // no leito de morte, estar a ponto de morrer. // Estar entre a vida e a morte, estar sob grande ameaça de morrer. // Morte aparente, estado de extrema redução das funções vitais que dá a aparência exterior de morte. (A medicina legal permite que o médico lance mão de recursos para distinguir entre a morte aparente e a morte real.) // Morte eterna, privação da eterna bem-aventurança.
Para ser declarado o estado de morte o individuo passa pelo estagio do morrer:
Morrer: v.i. Cessar de viver, perder todo o movimento vital, falecer. / Fig. Experimentar uma forte sensação (moral ou física) intensamente desagradável; sofrer muito: ele parece morrer de tristeza. / Cessar, extinguir-se (falando das coisas morais). / Desmerecer, perder o brilho; tornar-se menos vivo (falando de cores). / Aniquilar-se, deixar de ser ou de ter existência.
Ou seja, a morte e o morrer são coisas distintas o morrer e um processo para que se chegue ao estado final que é a morte, existem vários estágios do morrer para que se chegue ao seu ponto final. Mas a Bíblia na carta a Filipos o apostolo Paulo declara que o Morrer é lucro, mas morrer pra que, ou talvez porque?
Nada mais justo em nossas vidas do que a morte! Mas Paulo não esta declarando morte a todos mais o morrer a todos, morrer pro mundo (ganância e cobiça), morrer pro pecado (desejos e vontades), e morrer pra si mesmo (egoísmo e egocentrismo). Muitos pastores dizem que existem 3 tipos de morte: espiritual, física e eterna, seja qual forem elas você teve ter cruzado com uma delas, se não cruzou prepare-se!
Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.
A pior coisa nesta vida é a perda ou o luto, mas Jesus Cristo sabia disso e inúmeras vezes preparou os discípulos e nós estamos preparando as pessoas que amamos? Paulo quando escreveu a carta a Filipos estava já velho e cansado porém ainda enquanto ouve-se fôlego de vida anunciaria o evangelho a quem estivesse a sua volta. A problemática disso tudo não é pelo o que vai nos levar a morte mais sim pelo que vale a pena viver e neste caso é CRISTO. Ao olharmos a nossa vida será que estamos preparados emocionalmente, fisicamente, psicologicamente para o lucro que nos leva para uma plenitude, como está o nosso legado para o Reino de agora e o de porvir? Pois vemos agora em nossa frente sinais de morte, mas logo em breve veremos a eterna vida.
...O amor é forte como a morte... (cantares 8.6) nos resta amarmos até a morte para que o viver possa ser lembrado como digno.

Autor: Israel A. ROcha

FÉ E CRENÇA...


“Que ninguém se engane, toda via sua própria alma. “Deve-se notar cuidadosamente que a fé que não traz arrependimento, amor e todas as boas obras, não é aquela fé certa e viva, mas uma fé morta e diabólica. Porque mesmo os demônios crêem que Cristo nasceu de uma virgem, que operou várias espécies de milagre, declarando-se verdadeiro Deus; que ressuscitou no terceiro dia, subiu aos céus e esta sentado a mão direita do Pai, vindo no fim do mundo para julgar os vivos e os mortos. Estes artigos da nossa fé os demônios os recebem e crêem em tudo quanto está escrito no Velho e Novo Testamento. E com, toda essa fé eles não deixaram de ser demônios. “Permanecem em sua condição de perdidos, faltando-lhes justamente a verdadeira fé cristã.” (John Wesley em seu sermão de número 2 - “Os quase cristãos” em 1741).

Fé s.f. 1 no catolicismo, a primeira das três virtudes teologais 2 confiança absoluta (em alguém ou em algo); crédito (um homem digno de fé) 3 asseveração, afirmação, comprovação de algum fato [...] afirmar como verdade; tetificar, dar por fé; digno de crédito 2 prestar testemunho autêntico. [...] acreditar em (alguém ou algo).
Meu justo viverá pela fé; mas se voltar atras não me alegrará. Nós não perecemos por voltar atrás, mas salvaremos a vida pela fé. Fé é a consistência do que se espera, e a prova do que não se vê (cf. Hebreus 11)
crer v. {mod. 1} t.i. 1 (prep. em) tomar por verdadeiro; acreditar 2 (prep. em) ter confiança 3 presumir(-se), imaginar(-se), julguar(-se).
crença s.f. 1 fato de acreditar-se numa coisa ou uma pessoa 2 a coisa ou a pessoa em que se acredita 3 religião 4 convicção profunda.
Inicialmente muitos descrevem a fé como simples dado ou argumento teológico mas para o psicólogo clínico e professor Josias Pereira a fé também é um fenômeno:
Independentemente de qualquer conceito teológico, psicológico ou filosófico, as pessoas crêem e manifestam a fé das mais varias formas. Muitas influenciadas pelo meio, especialmente seu próprio meio ambiente, a demonstram de forma estereotipada, e o fazem em função do aprendizado e das imposições dos grupos aos quais pertencem. Isso tende a levar os menos informados a admitir que existe uniformidade na fé de certos grupos, religiosos ou não.
Entretanto, observações mais cuidadosas, onde os aspectos individuais e pessoais são considerados, mostram-nos outra realidade: a fé é um fenômeno estritamente individual; é a fé exclusiva daquela determinada pessoa. Cada pessoa crê segundo a sua fé.
É, portanto, um fenômeno psicológico. Cada pessoa é o que é, e crê segundo sua maneira de ser. O que é, certamente, confirmado pelo notório saber científico de que não há no universo se quer duas pessoas idênticas, e que tal diferença é real e efetiva em todos os aspectos da existência humana. Por tanto a visão holística e existencialista indica que ninguém pensa, ou age da mesma forma. Todos os seres humanos são iguais enquanto seres essenciais, mais muito diferentes entre si, enquanto indivíduos. Como a fé é a manifestação do sentimento daquele que crê, ela é a manifestação do sentimento daquela pessoa exatamente como ela é: é sua fé.
Do mesmo verbo, crer, originam-se dois substantivos que representam ações totalmente opostas: crença e fé. Porém quando quero usar uma forma verbal para expressar a minha fé tenho de usar crer, a não ser que escolha uma formula ainda pior ter fé.
A crença provê respostas a nossas perguntas, a fé nunca o faz. Quando cremos é para encontrar segurança, solução, uma resposta para os nossos questionamentos. As pessoas crêem para desenvolverem para si mesmas um sistema de crenças. A fé (a fé bíblica) é completamente diferente. O propósito da revelação é fazer com que ouçamos as perguntas, e não nos suprirmos com explicações. Sendo, portanto, a fé um fenômeno psicológico e pertencendo à categoria de valores sentimentais, para sua efetivação, carece de reflexões racionais. Sem fé o homem se torna irracional e sem razão ele não pode ter fé. Pois fé sem razão não passa de crendice.
A disitinção mais útil que encontrei nesta caminhada foi a que estabeleceu Jacques Ellul entre fé e crença: crença é aquilo que professamos acreditar; é conteúdo doutrinário peculiar a nossa facção religiosa, expresso com palavras muito bem escolhidas em nossas declarações de fé. Não há por outro lado, um conjunto de palavras suficiente para definir adequadamente a fé. Nossas crenças são pacíveis de exposição, mas nossa fé é questão pessoal – seu conteúdo é o mistério tremendo, a tensão superficial entre o eu e o universo, entre o eu e o desconhecido, entre o eu e o futuro, entre o eu e a morte, entre o eu e o outro e entre eu e Deus, pois a própria “crença pode ser um obstáculo a fé, por que só satisfazem nossa necessidade de religião” a nossa fé deve ir alem do acreditar, e focar-se no transcender. A fé nos deixa a sós com um Deus insondável, ela nos convida a um grau de liberdade que posso não querer experimentar, a fé que tirar-nos da zona de conforto da crença e levar-nos para as regiões mais profundas do nosso ser, aonde os outros não querem ir, a fé pressupõe a dúvida, a crença exclui a dúvida. A crença explica sensatamente aquilo em que posso acreditar e a fé exige que eu prove.

Autor: ISrael A. Rocha