sexta-feira, 25 de junho de 2010

Espiritualidade, ou espiritismo?



Não apagueis o Espírito (1Ts 5.19)

Muitos hoje confundem espiritualidade com espiritismo, mas são duas coisas totalmente distintas. Por vezes vivemos mais um espiritismo do que mantemos uma espiritualidade verdadeira e autêntica.
A Espiritualidade não deve ser vivida ou vivenciada sozinha, isolando-se com qualquer espírito ou entidade, a espiritualidade é embutida em uma mística que tenha um sentido antropológico existêncial, que não exclui a racionalidade e que se traduz em uma relação comigo mesmo, com meu próximo e com o Divino.
Existe uma exacerbação do imaginário nas instituições religiosas com a máxima que declara-se ser uma pessoa espiritual aquela que tem um diálogo com o espírito/Espírito e que em muitas seitas chamam isto de mediunidade (transliterar o que um espírito diz). Será que espiritualidade é realmente isso? ou estamos vendo e vivendo em nossas comunidades um espiritismo que garanta a alienação das massas? Talvez você que está lendo este texto esteja achando que estou misturando tudo, mas não é bem assim.
Espiritualidade não é manipulação do Espírito Santo e nem de nenhum espírito, espiritualidade é transcendência, pois nenhum ser humano cabe em si mesmo, e é inata está vontade de transcender-se, de transgredir os limites subjetivos e objetivos que nos cercam. O Espírito Santo de Deus é uma pessoa livre não pode ser manipulado por nenhum líder religioso, mas está ao nosso lado para nos ajudar (do gr.parakletos), daí a idéia de intimidade. Espiritualidade é transcendência e intimidade! Intimidade não se da apenas nos diálogos, mais em vivencia e convivência. E está vivencia é na vida através de nossos atos de piedade (oração, jejum, fé e devocionais...) e a convivência se dá através dos atos de misericórdia (boas obras, ações práticas em prol de nosso próximo).
O pastor e teólogo Eugene H. Peterson declara: ‘que a nossa espiritualidade contemporânea carece de foco, precisão e raizes’, foco em Cristo, precisão nas Escrituras e enraizamento na tradição, Eugene tem toda a razão vivemos hoje um espiritismo sem foco, sem precisão e não buscamos uma tradição, contudo se faz necessário vivemos uma verdadeira espiritualidade para que não sejamos confundidos.
E onde devemos viver nossa espiritualidade? Em todos os lugares principalmente longe de todas as instituições religiosas, em nossa casa, em nosso trabalho, enfim nos lugares mais inusitados. Pois o imperativo da espiritualidade é o amor, e a espiritualidade está embutida com a mística e tem tudo a ver com experiências e não com doutrinas. Todos estão enfadados de ouvir discursos religiosos feitos por pessoas das igrejas e das religiões, procuram falar sobre Deus a partir das doutrinas; e mística é a experiência e não mera repetição, pois uma coisa é pensar sobre Deus, outra é sentir Deus. O teólogo Leonardo Boff declara: “Espiritualidade é a transformação que está mística produz nas pessoas, na forma de olhar a vida, no jeito de encarar os problemas e de encontrar soluções. Pois uma pessoa espiritualizada é aquela que sempre esta atenta e se pergunta: o que Deus está dizendo com isso? Que lição ele quer me transmitir? Que chance de crescimento está me proporcionando?”.
Ou seja todo sinal de espiritualidade deve servir de crescimento pra mim e pra você, é aonde eu o vivo como fenômeno paradoxal de experiência indelével e subversivo, porque o nós só existe se ouver o eu e o tu como uma utopia que retrata uma sociedade fraternal e sororal, justa e participativa. A espiritualidade deve ser através da mística um fenômeno de maneira holística, integral, respondendo á toda profundidade de indagação humana, A espiritualidade deve ser encarnada e não reencarnada, assim não apagaremos o Espírito do Senhor pelo contrário, deixaremos que ele interceda por nós. Assim eliminaremos toda banalização do evangelho, não reconheceremos os pseudolideres, e não admitiremos as pseudoespiritualidades.

Autor: ISrael Alcantara da Rocha

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