sexta-feira, 30 de julho de 2010

SOBRE A MORTE E O MORRER...


“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho.” (Fp. 1.21)

Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.
(R. Alves)

Existe um grande medo que assombra todos os que estão vivos, e esse medo é causado apenas por uma pequena palavra a morte. “Pois para morrer basta estar vivo”. Esta palavra tira o sono de muitas pessoas, pois a morte infelizmente não é apenas uma palavra ela é um estado. Mas afinal o que é a morte? Será que é uma caveira com um manto preto e uma foice? Nosso bom Aurélio nos ajuda:

Morte: s.f. Fig. Dor violenta: sofrer a morte na alma. / Ausência de vida, imobilidade. / Ruína, extinção. / Causa de ruína. // no leito de morte, estar a ponto de morrer. // Estar entre a vida e a morte, estar sob grande ameaça de morrer. // Morte aparente, estado de extrema redução das funções vitais que dá a aparência exterior de morte. (A medicina legal permite que o médico lance mão de recursos para distinguir entre a morte aparente e a morte real.) // Morte eterna, privação da eterna bem-aventurança.
Para ser declarado o estado de morte o individuo passa pelo estagio do morrer:
Morrer: v.i. Cessar de viver, perder todo o movimento vital, falecer. / Fig. Experimentar uma forte sensação (moral ou física) intensamente desagradável; sofrer muito: ele parece morrer de tristeza. / Cessar, extinguir-se (falando das coisas morais). / Desmerecer, perder o brilho; tornar-se menos vivo (falando de cores). / Aniquilar-se, deixar de ser ou de ter existência.
Ou seja, a morte e o morrer são coisas distintas o morrer e um processo para que se chegue ao estado final que é a morte, existem vários estágios do morrer para que se chegue ao seu ponto final. Mas a Bíblia na carta a Filipos o apostolo Paulo declara que o Morrer é lucro, mas morrer pra que, ou talvez porque?
Nada mais justo em nossas vidas do que a morte! Mas Paulo não esta declarando morte a todos mais o morrer a todos, morrer pro mundo (ganância e cobiça), morrer pro pecado (desejos e vontades), e morrer pra si mesmo (egoísmo e egocentrismo). Muitos pastores dizem que existem 3 tipos de morte: espiritual, física e eterna, seja qual forem elas você teve ter cruzado com uma delas, se não cruzou prepare-se!
Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.
A pior coisa nesta vida é a perda ou o luto, mas Jesus Cristo sabia disso e inúmeras vezes preparou os discípulos e nós estamos preparando as pessoas que amamos? Paulo quando escreveu a carta a Filipos estava já velho e cansado porém ainda enquanto ouve-se fôlego de vida anunciaria o evangelho a quem estivesse a sua volta. A problemática disso tudo não é pelo o que vai nos levar a morte mais sim pelo que vale a pena viver e neste caso é CRISTO. Ao olharmos a nossa vida será que estamos preparados emocionalmente, fisicamente, psicologicamente para o lucro que nos leva para uma plenitude, como está o nosso legado para o Reino de agora e o de porvir? Pois vemos agora em nossa frente sinais de morte, mas logo em breve veremos a eterna vida.
...O amor é forte como a morte... (cantares 8.6) nos resta amarmos até a morte para que o viver possa ser lembrado como digno.

Autor: Israel A. ROcha

FÉ E CRENÇA...


“Que ninguém se engane, toda via sua própria alma. “Deve-se notar cuidadosamente que a fé que não traz arrependimento, amor e todas as boas obras, não é aquela fé certa e viva, mas uma fé morta e diabólica. Porque mesmo os demônios crêem que Cristo nasceu de uma virgem, que operou várias espécies de milagre, declarando-se verdadeiro Deus; que ressuscitou no terceiro dia, subiu aos céus e esta sentado a mão direita do Pai, vindo no fim do mundo para julgar os vivos e os mortos. Estes artigos da nossa fé os demônios os recebem e crêem em tudo quanto está escrito no Velho e Novo Testamento. E com, toda essa fé eles não deixaram de ser demônios. “Permanecem em sua condição de perdidos, faltando-lhes justamente a verdadeira fé cristã.” (John Wesley em seu sermão de número 2 - “Os quase cristãos” em 1741).

Fé s.f. 1 no catolicismo, a primeira das três virtudes teologais 2 confiança absoluta (em alguém ou em algo); crédito (um homem digno de fé) 3 asseveração, afirmação, comprovação de algum fato [...] afirmar como verdade; tetificar, dar por fé; digno de crédito 2 prestar testemunho autêntico. [...] acreditar em (alguém ou algo).
Meu justo viverá pela fé; mas se voltar atras não me alegrará. Nós não perecemos por voltar atrás, mas salvaremos a vida pela fé. Fé é a consistência do que se espera, e a prova do que não se vê (cf. Hebreus 11)
crer v. {mod. 1} t.i. 1 (prep. em) tomar por verdadeiro; acreditar 2 (prep. em) ter confiança 3 presumir(-se), imaginar(-se), julguar(-se).
crença s.f. 1 fato de acreditar-se numa coisa ou uma pessoa 2 a coisa ou a pessoa em que se acredita 3 religião 4 convicção profunda.
Inicialmente muitos descrevem a fé como simples dado ou argumento teológico mas para o psicólogo clínico e professor Josias Pereira a fé também é um fenômeno:
Independentemente de qualquer conceito teológico, psicológico ou filosófico, as pessoas crêem e manifestam a fé das mais varias formas. Muitas influenciadas pelo meio, especialmente seu próprio meio ambiente, a demonstram de forma estereotipada, e o fazem em função do aprendizado e das imposições dos grupos aos quais pertencem. Isso tende a levar os menos informados a admitir que existe uniformidade na fé de certos grupos, religiosos ou não.
Entretanto, observações mais cuidadosas, onde os aspectos individuais e pessoais são considerados, mostram-nos outra realidade: a fé é um fenômeno estritamente individual; é a fé exclusiva daquela determinada pessoa. Cada pessoa crê segundo a sua fé.
É, portanto, um fenômeno psicológico. Cada pessoa é o que é, e crê segundo sua maneira de ser. O que é, certamente, confirmado pelo notório saber científico de que não há no universo se quer duas pessoas idênticas, e que tal diferença é real e efetiva em todos os aspectos da existência humana. Por tanto a visão holística e existencialista indica que ninguém pensa, ou age da mesma forma. Todos os seres humanos são iguais enquanto seres essenciais, mais muito diferentes entre si, enquanto indivíduos. Como a fé é a manifestação do sentimento daquele que crê, ela é a manifestação do sentimento daquela pessoa exatamente como ela é: é sua fé.
Do mesmo verbo, crer, originam-se dois substantivos que representam ações totalmente opostas: crença e fé. Porém quando quero usar uma forma verbal para expressar a minha fé tenho de usar crer, a não ser que escolha uma formula ainda pior ter fé.
A crença provê respostas a nossas perguntas, a fé nunca o faz. Quando cremos é para encontrar segurança, solução, uma resposta para os nossos questionamentos. As pessoas crêem para desenvolverem para si mesmas um sistema de crenças. A fé (a fé bíblica) é completamente diferente. O propósito da revelação é fazer com que ouçamos as perguntas, e não nos suprirmos com explicações. Sendo, portanto, a fé um fenômeno psicológico e pertencendo à categoria de valores sentimentais, para sua efetivação, carece de reflexões racionais. Sem fé o homem se torna irracional e sem razão ele não pode ter fé. Pois fé sem razão não passa de crendice.
A disitinção mais útil que encontrei nesta caminhada foi a que estabeleceu Jacques Ellul entre fé e crença: crença é aquilo que professamos acreditar; é conteúdo doutrinário peculiar a nossa facção religiosa, expresso com palavras muito bem escolhidas em nossas declarações de fé. Não há por outro lado, um conjunto de palavras suficiente para definir adequadamente a fé. Nossas crenças são pacíveis de exposição, mas nossa fé é questão pessoal – seu conteúdo é o mistério tremendo, a tensão superficial entre o eu e o universo, entre o eu e o desconhecido, entre o eu e o futuro, entre o eu e a morte, entre o eu e o outro e entre eu e Deus, pois a própria “crença pode ser um obstáculo a fé, por que só satisfazem nossa necessidade de religião” a nossa fé deve ir alem do acreditar, e focar-se no transcender. A fé nos deixa a sós com um Deus insondável, ela nos convida a um grau de liberdade que posso não querer experimentar, a fé que tirar-nos da zona de conforto da crença e levar-nos para as regiões mais profundas do nosso ser, aonde os outros não querem ir, a fé pressupõe a dúvida, a crença exclui a dúvida. A crença explica sensatamente aquilo em que posso acreditar e a fé exige que eu prove.

Autor: ISrael A. Rocha

domingo, 27 de junho de 2010

Minha angústia tem sede de Deus!



“Por que estás abatida ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele meu auxilio e Deus meu?” (Sl 42.11).


Quantos de nós já acordamos, sem saber o que está acontecendo? Um aperto no peito, sensação de vazio, uma sensação do nada e de sequidão. Pode ter certeza que isso é a angústia.
Mas o que é a angústia? É uma espécie de ansiedade, inquietude, carência, falta de algo, uma espécie de “sofrimento”. Pois quando ficamos tristes é por alguma coisa, quando estamos alegres é por algum motivo, a ciência diz que angústia é um sintoma psíquico, um sentimento sem objeto, isto é sem um motivo definido. Angústia é como um abismo que chama outro abismo; vem acompanhada com outras coisas como: a solidão, desmotivação, tristeza, sentimento de culpa, agressividade e até a idéia de desistir da vida. Essa não é uma realidade distante de nós.
O salmista provavelmente um dos filhos de Corá escreve este canto de lamento no período de exílio babilônico, o Salmo 42 é uma espécie de desabafo que brota do coração de uma pessoa que vive um momento de profunda angústia e ao mesmo tempo desamparo. Estamos diante de alguém que além de estar passando por uma terrível angústia a ponto de não se alimentar, exceto de suas lágrimas e se senti abandonado por Deus a ponto de ainda ouvir deboche de outras pessoas “A onde está o teu Deus?” (v.3)
Muitas vezes nós nos perguntamos nos períodos de nossas dificuldades onde está Deus? Ou ouvimos em meio a nossas dores cadê o teu Deus?
É interessante que a angústia não é só um sentimento exclusivo pra mim e pra você, no Antigo Testamento temos diversos exemplos de pessoas que passaram por terríveis angustias uma delas é Jó – Perdeu tudo o que tinha e estava angustiado (cf. Jó 5.19), Jeremias – se lamenta por Jerusalém em lamentações (cf. Jr 1.20), e dois exemplos muito plausíveis do Novo Testamento, é melhor escrevê-los em ordem cronológica o primeiro deles é Jesus – em dois momentos demonstra extrema angústia: em (cf. Lc. 22.44) e (cf. Jo. 11.35). O segundo exemplo é o do apostolo sofredor em cadeias, e de muitas angústias, Paulo –“Porque, no meio de muitos sofrimentos e angustias de coração, vos escrevi, com muitas lágrimas, não para que ficais entristecidos, mas para que conhecêsseis o amor que vos consagro em grande medida.” (2Co. 2.4)
Assim como o salmista não estamos sozinhos com a angústia e ela acontece dentro de nós em nossa alma. No texto (Sl 42) encontramos 6x a palavra alma: (do hebr. – nefesh) garganta, órgão que experimenta a sede e sede da respiração/ vida, é também símbolo do espírito.
Porque Deus colocou em nós um dispositivo de segurança em nossa alma “a sede”. A medicina declara que um ser humano não vive mais de três dias sem água, ele pode morrer. Pois nosso corpo em sua totalidade é composto por água. Este Salmo nos revela qual é a sede de nossa alma.
Primeiro é a sede por Deus (v.1-2) - nossa angústia, e nosso vazio é a falta de Deus! Só é completo em Deus. Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida (Ap. 22.17).
Em segundo é a sede pela Comunhão (v.4-5) – A pior coisa é a solidão vivemos em uma sociedade que valoriza estar sozinha, não firma compromisso nem estabelece relacionamentos nem com Deus nem com o próximo. A casa de Deus deve ser este lugar de alegria e comunhão. No terceiro lugar a sede pela misericórdia de Deus (v.8-9) Pois é a misericórdia a causa de não sermos consumidos (Lm. 3.22), pois ela se renova a cada manhã.
A nossa angústia também tem sede por esperar em Deus (v.10-11) Esperar em Deus é muito mais do que sonhar, Esperei com paciência no Senhor e Ele ouviu meu clamor (Sl 40.1). Regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração perseverantes. (Rm 12.12).
Todos temos condições de enfrentar nossas angústias, Jesus nós disse que teríamos aflições, e ensinou-nos termos bom animo. Paulo declara que toda tribulação e leve e momentânea, em nossa angustia é que Deus que ser Senhor, nossa angustia clama por mais de Deus, nossa angústia tem sede de Deus! Que em nossa fraqueza e debilidade Deus possa nos fortalecer.

“Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; e quando me verei perante a tua face?” (Sl 42.2)

Autor: ISrael A. Rocha

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Espiritualidade, ou espiritismo?



Não apagueis o Espírito (1Ts 5.19)

Muitos hoje confundem espiritualidade com espiritismo, mas são duas coisas totalmente distintas. Por vezes vivemos mais um espiritismo do que mantemos uma espiritualidade verdadeira e autêntica.
A Espiritualidade não deve ser vivida ou vivenciada sozinha, isolando-se com qualquer espírito ou entidade, a espiritualidade é embutida em uma mística que tenha um sentido antropológico existêncial, que não exclui a racionalidade e que se traduz em uma relação comigo mesmo, com meu próximo e com o Divino.
Existe uma exacerbação do imaginário nas instituições religiosas com a máxima que declara-se ser uma pessoa espiritual aquela que tem um diálogo com o espírito/Espírito e que em muitas seitas chamam isto de mediunidade (transliterar o que um espírito diz). Será que espiritualidade é realmente isso? ou estamos vendo e vivendo em nossas comunidades um espiritismo que garanta a alienação das massas? Talvez você que está lendo este texto esteja achando que estou misturando tudo, mas não é bem assim.
Espiritualidade não é manipulação do Espírito Santo e nem de nenhum espírito, espiritualidade é transcendência, pois nenhum ser humano cabe em si mesmo, e é inata está vontade de transcender-se, de transgredir os limites subjetivos e objetivos que nos cercam. O Espírito Santo de Deus é uma pessoa livre não pode ser manipulado por nenhum líder religioso, mas está ao nosso lado para nos ajudar (do gr.parakletos), daí a idéia de intimidade. Espiritualidade é transcendência e intimidade! Intimidade não se da apenas nos diálogos, mais em vivencia e convivência. E está vivencia é na vida através de nossos atos de piedade (oração, jejum, fé e devocionais...) e a convivência se dá através dos atos de misericórdia (boas obras, ações práticas em prol de nosso próximo).
O pastor e teólogo Eugene H. Peterson declara: ‘que a nossa espiritualidade contemporânea carece de foco, precisão e raizes’, foco em Cristo, precisão nas Escrituras e enraizamento na tradição, Eugene tem toda a razão vivemos hoje um espiritismo sem foco, sem precisão e não buscamos uma tradição, contudo se faz necessário vivemos uma verdadeira espiritualidade para que não sejamos confundidos.
E onde devemos viver nossa espiritualidade? Em todos os lugares principalmente longe de todas as instituições religiosas, em nossa casa, em nosso trabalho, enfim nos lugares mais inusitados. Pois o imperativo da espiritualidade é o amor, e a espiritualidade está embutida com a mística e tem tudo a ver com experiências e não com doutrinas. Todos estão enfadados de ouvir discursos religiosos feitos por pessoas das igrejas e das religiões, procuram falar sobre Deus a partir das doutrinas; e mística é a experiência e não mera repetição, pois uma coisa é pensar sobre Deus, outra é sentir Deus. O teólogo Leonardo Boff declara: “Espiritualidade é a transformação que está mística produz nas pessoas, na forma de olhar a vida, no jeito de encarar os problemas e de encontrar soluções. Pois uma pessoa espiritualizada é aquela que sempre esta atenta e se pergunta: o que Deus está dizendo com isso? Que lição ele quer me transmitir? Que chance de crescimento está me proporcionando?”.
Ou seja todo sinal de espiritualidade deve servir de crescimento pra mim e pra você, é aonde eu o vivo como fenômeno paradoxal de experiência indelével e subversivo, porque o nós só existe se ouver o eu e o tu como uma utopia que retrata uma sociedade fraternal e sororal, justa e participativa. A espiritualidade deve ser através da mística um fenômeno de maneira holística, integral, respondendo á toda profundidade de indagação humana, A espiritualidade deve ser encarnada e não reencarnada, assim não apagaremos o Espírito do Senhor pelo contrário, deixaremos que ele interceda por nós. Assim eliminaremos toda banalização do evangelho, não reconheceremos os pseudolideres, e não admitiremos as pseudoespiritualidades.

Autor: ISrael Alcantara da Rocha

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Deus Existe?



“Pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio.” (At. 17.23)

Esta é uma pergunta interessante. Pergunta teológica, ou uma provocação filosófica?
Talvez uma pergunta pra ateu ou agnóstico nenhum botar defeito. De acordo com o teólogo alemão Emil Brunner sua resposta a esta questão é a seguinte:
“não! Deus não existe. O que existe são as montanhas, as árvores, as pedras. Deus não é uma coisa entre outras coisas. Deus não existe Deus É!” Ou o que diz Meillassoux: sobre a divina inexistência.

O desconhecido suplanta o conhecido. Aquilo que não conseguimos enxergar explica o que conseguimos enxergar. E esse mistério desconhecido e invisível é intencional e pessoal: Deus. Intencional: pois há uma coerência, finalidade junto as experiências de vida. Pessoal: por que existe uma conexão que é maior do que aquilo que eu sou. Deus é mais do que eu não menos, em tudo principalmente nos elementos invisíveis dos quais tomamos consciência: amar, pensar, crer, confiar e etc.
Pois é decepcionante admitir que não somos o centro do universo. Saber que precisamos sair do nosso estado infantil (não cronológico, mas intelectual ascético), entender que nossas necessidades, nosso apetite, nosso bem-estar, nosso conforto, aquilo que nos torna deuses e deusas, adorados, cultuados e servidos, se destrói quando admitimos que existe um Deus; portanto é melhor dizer que Ele não existe.O Ser infinito é maior do que eu que sou finito, Deus é: infinitamente mais do que tudo que pedimos ou pensamos, Deus não é só um substantivo Ele é! Também é verbo, porque Ele disse (ou Diz).
Não importa de qual ângulo observamos o mundo, se pelas variáveis cientificas ou religiosas, no âmbito da fé ou da razão. Existe um ponto de confluência a partir das experiências fundamentais descrevendo que há uma força, poder ou energia inefável que tudo sustenta, e muitos chamam de: Ser superior, ou poder Absoluto que sutenta todo universo, que eu prefiro chamar de Deus. E esse Deus desconhecido por muitos, negado por outros, quer relacionar-se conosco, pois essa é a sua essência relacional e coexistente. Pois o invisível só pode falar através e por meio do perceptível.
Assim como o apostolo Paulo declarou é deste Deus que eu quero anunciar e me relacionar, pois ele é tudo em todos. Jesus Cristo o Deus Encarnado disse a Tomé: “Felizes o que não viram mais creram.”

Autor: Israel A. ROcha

terça-feira, 30 de março de 2010

Igreja ir ou não?




“Não deixemos de congregar-nos, como é de costume de alguns; antes façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima. Porque, se vivermos deliberadamente em pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta sacrifício pelos pecados;” (Hb 10.25-26)

“No inicio, a igreja era um grupo de homens [e mulheres] centrados no Cristo vivo.
Então a igreja chegou a Grécia e tornou-se uma filosofia.
Depois chegou a Roma e tornou-se uma instituição. Em seguida, à Europa e tornou-se uma cultura.
E finalmente chegou à América e tornou-se um negócio”. (Richard Halverson)

Ir a igreja ou não? Eis a questão. Muitos de nós cristãos/ãs fomos ensinados desde a infancia ir a igreja com os nossos pais outros já não podem declarar o mesmo, para definirmos igreja é necessário um leve conhecimento sobre o que é igreja.
Para nós Cristãos/as, o conceito igreja, surje no AT através do povo hebreu e inicia-se com a comunhão e ajuntamentos, as tendas, até enfim chegar aos templos e sinagogas, o termo que aparece com mais frequencia é “Qaal” que de uma maneira simples traduzimos por ajuntamento/assembléia, lugar para se adorar a Deus e servir o próximo.
Não diferente Jesus Cristo sendo judeu, nascido em Nazaré, desde pequeno ia ao templo (Lc 2.46) e respeitava e conhecia a Lei. Porém quando iniciou seu ministério, deixou claro que não concordava com a instituição e a estrutura funcional do templo. Por não concordar com a instituição do templo e seu seguimento, proclamava o Reino de Deus nas casas, nos montes, nos pátios e nas planices, sem perder o costume de se reunir e proclamar anunciar (kerigma, koinonia, diaikonia).
Os apostolos e discipulos/as (seguidores de um modo geral) após a morte de seu Rabino, sofrem perseguições e fazem seus cultos em casas, cemitérios, catacumbas e lugares escondidos. Paulo conhecedor e participante do movimento de Jesus começa a dissiminar outros focos de cristianismo em comunidades para não judeus como Pedro fazia, mas para gentios e alguns proselitos. Outras cidades e provincias começam a conhecer o cristianimo não somente o Deus dos judeus, mas o judeu que foi Deus.
O termo utilizado no NT é (do grego εκκλησία [ekka lesia] e latim ecclesia) é uma instituição religiosa cristã separada do Estado. Cabia a igreja administrar o dinheiro do dízimo, construir templos, ordenar sacerdotes e muitas vezes mantê-los e repassar para seus crentes sua interpretação da Bíblia. Igreja também pode signifcar um templo cristão.
Hoje, existem igrejas que estão unidas com o estado, no contexto bíblico, o termo igreja pode designar reunião de pessoas, sem estar necessariamente associado a uma edificação ou a uma doutrina específica. Mas etimologicamente a palavra grega ekklesia é composta de dois radicais gregos: ek que significa para fora e klesia que significa chamados, no texto bíblico, no "Novo Testamento", a palavra Igreja aparece por diversas vezes, sendo utilizada como referência a um agrupamento de cristãos e não a edificações ou templos, nem mesmo a toda comunidade cristã em alguns momentos.
E ainda assim falar hoje sobre igreja é algo que muitas vezes causa de conceitos e preconceitos, quando falamos de igreja pensamos:
Lugar onde só tem gente louca, fanática e careta,
Lugar onde só se pede dinheiro e explora as pessoas,
Lugar que enriquece o pastor/a,
Lugar que se faz lavagem celebral,
Lugar arcaico e sem significado,
Lugar onde as pessoas julgam e condenam umas as outras,
Lugar cheio de regras e leis sem sentido,
Lugar de repressão.
Estas e outras disculpas são dadas para não estar na igreja e realmente a muitas igrejas que tem em sua visão estes preceitos, mas a igreja deve ser arauto e ter as ações de Cristo, pois ele mesmo condenou todo tipo de religiosisidade e não a religião, todo tipo de tradicionalismo e não a tradição, o movimento de Jesus foi uma religião mas não era abusivo. Existem igrejas, ainda sim poucas que não se preocupam com sua infra-estrutura e sim com as pessoas e com valores que não envelhecem. "O mundo é minha paroquia" já dizia Wesley, a igreja nunca foi e nunca será as quatro paredes, a Igreja somos nós o corpo de Cristo, o local onde nos reunimos é um anjutamento onde compartihamos nossos anseios, dúvidas, crenças, fé, respeito mutúo, onde nos unimos crendo que mesmo tão diferentes que somos, Deus nos uniu para sermos "Um" como Ele quer ser e é em nós. A igreja (Corpo de Cristo) é composta por pessoas, e pessoas são falhas, nunca existirá uma igreja perfeita, toda forma de perfeição existe só em Deus, mas podemos buscar sermos a cada dia melhores do já fomos e como estamos.
Igrejas que não são empresas nem negócios, mas verdadeiras pontes de amor e serviço que são os maiores sinais que Cristo nos ensinou. Quando vejo muitas estruturas chamadas de igreja fico apático, pois está totalmente fora da vontade de Deus, mas me alegro em saber que ainda existem igrejas comprometidas com o verdadeiro evangelho, lugares que realmente nos dão vontade de congregar, onde o Espírito de Deus realmente nos convida para momentos de transformação, liberdade e de sentido pleno. A igreja deve ser um sinal de transformação do individuo e da sociedade.

“Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Co 3.17)

Autor: ISrael Alcantara da Rocha

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Voltando-se para os Pecadores



“E elogiou o Senhor o administrador infiel, porque se houvera atiladamente, porque os filhos do mundo são mais hábeis na sua própria geração do que os filhos da luz”. (Lc 16.8)

E com pezar que leio este versículo da comunidade de Lucas e escrevo estas palavras. Pois desde o meu nascimento freqüento a igreja de Cristo juntamente com minha família, sou pastor por vocação e metodista por convicção.
Quando olho e reparo que anos se passaram e a cada dia me surpreendo como a igreja de Cristo precisa ser relevante, precisa passa por uma transformação, e porque não dizer uma conversão de caminho (metanóia). Pois ao analisamos esta pequena pericope que narra à parábola do administrador, dois sentimentos tomam-me por completo: felicidade e tristeza; fico feliz porque o que Cristo disse está muito a frente de sua época, ou seja não envelheceu, não ficou nem ficará ultrapassado, a sua misericórdia se renova a cada dia, e triste porque Jesus tem razão: “os filhos do mundo são mais hábeis... do que os filhos da luz”. Em outras palavras são mais espertos e sábios, literalmente melhores.
O texto apresenta neste versículo a raiz grega “fronímos ou fronimostenói” que quer dizer: “sabiamente/astúcia/prudência/sagaz/inteligente. O que Cristo declara é que precisamos aprender ser tabernáculos (lugar de culto/adoração) vivos.
Em minha adolescência na igreja encontrei amigos/as muito bem-intencionados/as, muitos deles/as assustadoramente queridos e carentes, mas muitas vezes oprimidos; cantávamos, chorávamos e nos abraçávamos dentro do mesmo teto piedoso, mas muitas vezes ali não estava o espírito de Jesus. Lembro-me que Deus teve misericórdia de mim, alguns anos da minha vida, neste período conheci pecadores diferentes de nós; que não se entregavam como nós da igreja a pecados mesquinhos como a hipocrisia, mentira e o orgulho, eles abriam mão desse amadorismo, tratavam a coisa em si, ou seja a sem-vergonhice mais vital, sensorial e carnal o que muitos chamam de “sexo, drogas e rock’roll”.
Compartilhei o mesmo recinto que pecadores de verdade, gente indecorosa, sensual, e altoindigente: drogados, homossexuais, bêbados, libertinos, prostitutas; poetas: safados, depravados, corruptos e lascivos. Habituei-me ao perfume da maconha, visitei os mais variados mócos, vi carreiras de cocaína se armarem e desaparecerem. Já vi altos e baixos, presenciei tudo e mais um pouco nessa vida. Fora uma cervejinha e outros... me mantive sóbrio e castro durante este período da minha vida (as orações de minha mãe me ajudaram muito).
O livro de Atos (provavelmente escrito por Lucas) e as cartas falam de “cristão que tinham tudo em comum” e eram de um só coração, Jesus falava de amar os inimigos, dar a outra face, emprestar sem esperar de volta, oferecer um banquete a quem não tem como retribuir. Paulo o apóstolo descreve um mundo sem preconceito de raça, sexo ou classe social. João discípulo amado descreve com clareza que “Deus é amor” e que esse amor lança fora todo o medo ou traço de temor.
Este mundo que a Bíblia descreve, poucos cristãos chegam a experimentar, escolhemos definir as coisas não por estas qualidades citadas acima, mas pelo que muitos chamam de frutos do Espírito, destacando sempre o que é negativo e paralisante contra os outros e nós mesmos: a culpa, a mesquinhez a repressão, a neurose, a negação e o niilismo. O mundo em que todos se aceitam e se amam embora faça parte da nossa pregação nominal, nos é aterrorizante por natureza “ a gloriosa liberdade dos filhos de Deus” não nos interessa, porque vivemos em um mundo de superficialidade.
Enquanto estava no mundo percebi que as pessoas são livres da superficialidade das igrejas e da irrelevância burguesa das faculdades, um mundo que se define na prática e não através do discurso ou da demagogia, pela aceitação e pelo amor. Você pode estar se perguntando no mundo isso, duvido? Veja alguns exemplos.
Gente que vive tudo em comum, onde esta Mamom (dinheiro) sua vitoria?
Gente que ignora rótulos de classe, sexo e conta bancária para se tratar como gente no sentido mais fundamental da coisa.
Gente que se recusava ser manipulada pelo desejo e pelo temor, e o fazia entregando-se a um e mandando as favas o outro.
A comunhão que experimentam, descobri que não tem limites, sua generosidade, não espera recompensa que não no instante, não tem paralelo. Os pecadores abrem suas portas uns dos outros a qualquer momento do dia o da noite; repartem sua droga, seu dinheiro sua casa seu pão sem nenhum tramite ou transação sejam com um irmão importuno, seja com quem acaba de tropeçar. Emprestam terrivelmente, sem esperar receber de volta.
Carregam quem precisa ser carregado, descolam um trampo (trabalho) pra quem precisa, tiram a camisa para quem vomitou na roupa, emprestam a chave do carro para quem não tem onde fumar, providenciam o apartamento de alguém na praia para o que foi expulso de casa, repartem sem chiar ou cobrem o tanque de gasolina. Trabalham tanto para os outros como para si, acolhem com graça incondicional; são compassivos até para com os que não toleram, muitos são longânimos com todos que acham ser melhor rejeitar. Convivem sem traumas com a consciência e é apavorante para nós que não querem ser melhores que ninguém. Entre os pecadores não transita apenas a legitimidade de quem se recusa a ter o que esconder: rola um amor que lança fora todo medo.
Gente sensualista, mas raras vezes desonesta, autoindulgente, mas sempre generosa. Pecadora mas não proselitista. Matam-se, mas o que fazem pelos outros é só resgatar. Morrem, mas abraçados. Não é difícil entender porque Jesus curtia tanto a companhia dos pecadores e não escondia seu orgulho em associar-se a eles. Pois neles o espírito de Jesus sobrevive.
Não estou contra a igreja nem a instituição, simplesmente estou avaliando o que Jesus quis dizer em relação aos filhos do mundo e comparar com as nossas atitudes como cristãos/as. Estamos muitas vezes preocupados com qual cargo vamos ficar? Qual grupo de louvor toca nesse domingo? Qual é a linha teológica do pastor/a? Se o fulano tem unção ou não? Tanto orgulho, tanta hipocrisia, tanta mentira, tanta competição e sem perceber esquecemos o essencial. Os ímpios, filhos do mundo, os das trevas estão nos ensinando o que é a unidade, o que é a comunhão, o doar-se, o dar-se o ser verdadeiro administrador do Reino de Deus.
Me perdoe em dizer, mas com lágrimas em meu coração, a igreja reformada precisa-se reformar se atualizar, sair dos protocolos e rótulos pra ir para a fé, sair da mesmice e ir para a novidade, somos realmente um exército que está matando seus próprios soldados para que as pedras possam clamar.
Jesus se sentava com os pecadores, nós estamos fugindo deles, Jesus ensinava e aprendia com eles, nós nos preocupamos com a ornamentação da igreja. Cristo veio buscar aqueles que estão perdidos e nós continuamos lançando pérolas a quem não precisa. Jesus Cristo tabernaculou com os pecadores, por isso declarou que mesmo sem saber estes praticam o amor mútuo. Nós temos a salvação, temos a teoria, mas não exercemos a prática e o Senhor irá sempre elogiar o infiel. Devemos assim como Cristo criar tabernáculos eternos e sermos totalmente desprendidos em graça. “Pois o testemunho de Jesus é o espírito da profecia”. (Ap 19.10b)
“Servi uns aos outros, cada um conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus”. (1Pe 4.10)

Autor: ISrael A. da Rocha

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Inferno, Perdição ou Salvação?



“Eu os remirei do poder do inferno e os resgatarei da morte; onde estão, ó morte as tuas pragas? Onde está, ó inferno, a tua destruição? Meus olhos não vêem em mim arrependimento algum.” (Oséias 13.14) RA

Sobre o inferno. É difícil de entender o que é na verdade, pois assim como o céu, não há evidencias concretas e especificas de como é, e onde se encontra. Até o presente momento só existem folclore e especulações religiosas.
Então afinal o que é o inferno? Existe lago de fogo lá? É a residência do diabo?
Tudo o que não compreendemos criticamos, mas cada coisa tem o seu lugar na história e o seu contexto literário. Este texto não é dogmático nem sistemático, não se trata de um dossiê do inferno, mas uma reflexão que pode trazer luzes a alguns de nossos questionamentos.
Nosso dicionário da língua portuguesa descreve que inferno é: o “lugar em que ficam as almas dos pecadores após a morte, um lugar de tormento e suplica”. Mas na concepção bíblica do Antigo Testamento o termo inferno é conhecido como “xeol” que faz referencia ao destino final dos mortos, que significa lugar (subterrâneo) de todos os mortos, é a mesma palavra citada no versículo acima de Oséias. Quando a bíblia hebraica foi traduzida para o grego (cerca de 200 a.C) e para o Novo Testamento este termo tornou-se em “hades” também traduzido por sem visão e por morte (cf. At 2.27-31; Ap 1.18) também conhecido como lugar do julgamento. Também no Novo Testamento aparece o termo “geena” um abismo de fogo onde se castigavam as pessoas depois do juízo final (cf. Mt 25.41).
Na Bíblia em seu contexto hebreu/Judaico o inferno é um lugar de esquecimento e de morte não existe fogo nem inflama as almas e não é a casa do diabo, pois de acordo com o profeta Isaias: Lúcifer não desceu para o inferno e sim na “terra/mundo” (Is 14.12). Já no contexto helênico há uma mistura de ideologias, misturando culturas e mitos ao pensamento judaizante influenciando e gerando a mansão dos mortos, o lugar do julgamento, e do fogo/castigo eterno.
Falar de inferno, primeiramente temos que mencionar morte, pois estão totalmente conectados, temos também que anexar seu o antônimo céu. Pois não há paraíso se não houver inferno, não haverá inferno se não houver paraíso. Ao contrário do que muitos pensam o inferno ou a perdição eterna é a maior causa de que todos querem ir para o céu, o medo do inferno é um dos principais fatos que legitima o céu. Desde de o período medieval a igreja assustava seus fieis com o medo do inferno, para a cobrança de indulgências. Em suma o inferno era e ainda é utilizado mais para a salvação através do medo da perdição, de vidas que não conhecem o verdadeiro evangelho.
“Não há necessidade de fogo, o inferno são os outros” (Jean-Paul Sartre). Esta frase declara o pensamento iluminista que o inferno não é somente um lugar físico, mas também é um estado daquele/a que estão perdidos e separados de Deus para o mal. Concordo que o inferno não é somente um lugar especifico e também um estado, mas não concordo que inferno são os outros pois nossa salvação, vida e relação depende também do outro, pois Deus criou a humanidade para a coexistência uma relação de unidade em meio a diversidade (suas diferenças). “Inferno não é o outro, é a ausência do outro...” (V. de Moraes) ou seja a solidão o esquecimento eterno e ter tudo e não possuir nada. Creio que o inferno é tudo e todos que não refletem a Deus e estão distantes de sua vontade e presença displicentes de sua graça, portanto a nós cristãos nos cabe salvar as pessoas de sua solidão, morte, pragas e destruição pessoal como esta no versículo de Oséias, para que em arrependimento possamos ver o outro e não a nós mesmos...
“Devemos tirar as pessoas do inferno e o inferno das pessoas...” (A. Ramos) porque o inferno é um devorador faminto e voraz da humanidade nunca satisfeito e sempre pedindo mais. Que assim possamos não almejar o céu, o paraíso e a salvação por medo do inferno, mas sim por que nos encontraremos com quem amamos e com o autor e consumador da nossa fé! Que o inverno não seja um pretexto nem a razão de nossa fé, por que estaremos refém dele.
“O inferno e o abismo nunca se fartam, e os olhos dos humanos nunca se satisfazem”. (Provérbios 27.20)

Autor: Pr. Israel A. Rocha